A Infância Perdida: desigualdades sociais e racismo na obra de Conceição Evaristo.

Conceição Evaristo é considerada hoje em dia uma das escritoras mais influentes no cenário da literatura brasileira moderna não somente pelas suas obras, mas também pelo empenho social e pelas lutas contra qualquer tipo de discriminação que desde sempre marcaram a própria produção literária. Nasceu numa comunidade em Belo Horizonte e desde pequena sempre viveu na própria pele o preconceito da sociedade e a diferença de oportunidades que algumas crianças mais vulneráveis sofrem todos os dias no Brasil. Foi nesse panorama que a Evaristo elaborou o termo Escrevivência que não representa somente a junção das palavras escrever e vivencia, mas também uma verdadeira crítica social através da literatura. A Escrevivência em si carrega as vozes e as histórias de milhares de pessoas que foram anuladas pela sociedade e que nunca viram reconhecido o próprio lugar de fala. Foram exatamente essas intenções de sensibilizar e conscientizar os leitores que levaram a escritora a compor obras como Olhos d’Água e Becos da Memória. Nessa tese, a partir das histórias de algumas protagonistas das obras como Duzu-Querença, Natalina, Maria e Zaíta, abarcaremos problemas sociais como a violência nas comunidades e nas escolas brasileiras, a insegurança alimentar que muitas crianças sofrem no Brasil, o trabalho e a prostituição infantil e o fenômeno das meninas mães. Veremos como muitas associações sem fim de lucros e programas governamentais atuam todos os dias para prevenir e erradicar essas tristes realidades do País onde a equidade social ainda é um sonho a ser realizado.